Anna Letícia Azevedo
12 de julho de 2025
Com incentivo à música, os mais novos garantem a continuidade da tradição centenária em Corumbajuba, renovando o sentido coletivo da Folia de Santos Reis.
Com a realização do Projeto Folia de Reis de Corumbajuba 2025 com a comunidade pela Skambau Produções, com o apoio da Prefeitura Municipal de Orizona e da Escola Municipal Virgínio Vaz da Costa as aulas de canto conduzidas pela professora Maria Luiza têm aproximado crianças e adolescentes da tradição, unindo música, fé e pertencimento. Durante a folia deste ano, realizada nos dias 08 a 12 de julho, alguns dos alunos puderam se apresentar para a comunidade, reforçando o compromisso de manter viva a manifestação cultural que atravessa gerações. As apresentações ocorreram nos pousos dos dias 10 e 11, para os foliões e comunidade.
Com 19 anos, Maria Luiza, professora de canto e moradora do distrito, destaca a importância dos projetos culturais que fortalecem a identidade local. “Esse projeto ajuda muito na memória da comunidade, porque ele mantém a tradição. O que as pessoas já fazem há muitos anos faz com que as crianças continuem o mesmo caminho”, afirma.
Ademais ainda ressalta que, embora sua família nunca tenha saído como parte do grupo de foliões, sempre contribuiu com os pousos e almoços, momentos simbólicos e afetivos da caminhada da Folia. “Ano passado teve almoço de Folia lá no meu avô. Sempre teve também na casa dos meus tios. Este ano, meu tio vai fazer um almoço também”, relata.
Dessa forma, mesmo entre os que não participam diretamente da Folia como folião, a valorização da cultura popular é evidente. A comunidade se une durante os dias de festa, seja abrindo as portas para a Folia, oferecendo refeições ou apoiando os grupos de músicos e cantores.“Acho muito importante, porque isso faz com que eles cresçam no caminho certo, mais voltado para a música. E isso é essencial para a comunidade, porque auxilia de muitas formas”, reforça Maria Luiza.
Além da participação dos jovens, o projeto também envolve familiares, como destaca Raoni, folião que dá vida a um dos palhaços da Folia e pai da pequena Rafaela, aluna das aulas de canto na escola da comunidade. “O projeto tem uma organização que envolve a comunidade, então essas aulas de canto e violão são ótimas porque incentivam as crianças a continuarem a tradição e a Folia”, afirmou.
Aulas de violão
Como parte do projeto Folia de Reis de Corumbajuba 2025, a comunidade tem recebido quinzenalmente as aulas de violão do professor Carlos de Jesus, que tem mais de 40 anos de experiência ensinando tocar o instrumento, “A capacidade de aprender é incrível, o interesse é muito grande, é um aproveitamento de 95%”, afirma o professor.
Para ele, a experiência em Corumbajuba tem sido especial. “Graças a Deus, aqui em Corumbajuba a gente tem visto um interesse muito grande. O projeto é uma coisa maravilhosa. Eu não tive essa oportunidade, têm que aproveitar a oportunidade. A gente fica muito alegre”, destaca.
As aulas de violão reforçam o sentimento de pertencimento dos participantes e fortalecem a relação da comunidade com sua própria cultura. Muitos dos alunos são netos de foliões, e mesmo que ainda não façam parte da Folia, se aproximam da tradição ao aprender os primeiros acordes das músicas que embalam a fé local.
A nova geração de foliões
João Pedro, de 15 anos, é exemplo da renovação de vínculo, participa da Folia desde pequeno, mas neste ano de 2025 faz sua estreia como folião. “Sempre andei na Folia, mas nunca como folião. Este é meu primeiro ano tocando e andando junto com o grupo”, diz.
Para ele, fazer parte é também um gesto de respeito à memória dos que vieram antes. “A tradição é a gente fazer hoje o que eles fizeram antes, recriar. Isso é cultura popular. E ela só continua se a gente der continuidade”, declarou.
Com consciência e entusiasmo, João Pedro também faz um chamado aos jovens da sua geração. “A tradição não pode morrer. Quem não conhece a fé dos Santos Reis precisa ver como isso é forte, bonito e importante para a comunidade”, reforçou.
