MEMÓRIA VIVA

Pedro de Paula Miranda

Pedro de Paula Miranda é o 1º capitão e embaixador da Folia de Reis de Corumbajuba, uma responsabilidade que carrega com fé e humildade. A missão lhe foi confiada por João Miranda, antigo capitão, com quem aprendeu os caminhos da folia desde os 8 anos de idade. Desde então, Pedro Paulo cresceu na tradição, guiado pelo exemplo e pela espiritualidade que pulsa em cada caminhada, embaixada é reza. Nos giros da Folia de Reis de Corumbajuba nenhuma embaixada é igual à outra, cada encontro, cada casa visitada, carrega uma emoção única, guiada por uma força maior. “O Espírito Santo que faz, eu não sei… o Espírito Santo me usa pra fazer”, diz, com a certeza de quem sabe que a fé é o verdadeiro timoneiro da Folia.

Vicente Felismino de Paula

Vicente Felismino de Paula é o 2º capitão da Folia de Reis de Corumbajuba e irmão de Pedro Paulo Miranda, o 1º capitão. Seu envolvimento com a folia começou cedo, quando ainda era menino, por volta dos 9 anos. Sem muitos ensinamentos formais, foi pela convivência com os mais velhos que aprendeu. O impulso vinha do coração: um desejo genuíno de participar, de estar junto, de aprender. Seu primeiro instrumento ele mesmo construiu com pedaços de madeira, um gesto simbólico que anunciava o caminho que viria a trilhar. Com o tempo, tornou-se aprendiz do então 2º capitão e, anos depois, assumiu com fé e compromisso essa importante função. Vicente acredita que o amor é o que sustenta a folia: é ele que cobre as dificuldades, une as pessoas e faz com que a tradição siga viva, se renovando de geração em geração. “É um dom, um dom que a gente tem dado por Deus de ser o 2º capitão. Eu faço com prazer e muita fé, porque eu sou de muita fé”.

Valcimar José de Oliveira

Aos 39 anos, Valcimar José de Oliveira vive há mais de três décadas na comunidade e carrega na alma a força da Folia de Reis. Seu primeiro contato com a tradição veio ainda na infância, quando enfrentou um grave problema de saúde. Após uma promessa feita por seu pai aos Santos Reis, Valssimar recuperou-se e desde então, nunca mais se afastou da folia. Incentivado por João Borges e outros foliões mais antigos, integrou-se ao grupo jovem com um sentimento que descreve como um verdadeiro chamado: “A gente não entra por entrar, a gente tem um chamado, é uma sensação única, que mexe com o espiritual”.

Ruimar Vieira de Castro

Ruimar Vieira de Castro tem 56 anos e carrega há mais de quatro décadas a missão de ser caixeiro da Folia de Reis de Orizona. Seu envolvimento com a tradição começou cedo, aos 10 anos de idade, e se aprofundou ainda mais aos 15, quando assumiu o posto de caixeiro pelas mãos de Genes, substituindo o então caixeiro da época. Desde então, nunca mais deixou o tambor calar. Com mãos firmes e coração devoto, Rui, como é conhecido, traduz em ritmo a fé, a emoção e a força da Folia. “A emoção de você ser caixeiro da Folia de Reis… só quem participa para saber como é”, resume ele, com a sabedoria de quem vive a tradição não como papel, mas como destino.

Emerson Epaminondas da Silva Benevides

Emerson da Silva Benevides, homem do campo e do ofício, vive entre currais, cercas e a lida da roça, mas é na Folia de Reis que seu coração se renova. Desde pequeno acompanha a tradição com a família, especialmente com a irmã, e guarda lembranças vivas das folias que presenciou ainda criança, até mesmo em outras regiões de Goiás. Para ele, sair com a folia é uma alegria que não se explica: “A gente servir aos três Reis Santos, é bom demais”. O encontro com os parceiros, o reencontro com a fé e a força da amizade fazem da folia um tempo sagrado é bom demais.

Eva Dias da Costa

Eva Dias da Costa tem 63 anos e começou a caminhar junto à Folia de Reis de Corumbajuba há 8 anos. Como outros foliões, Eva também participa de outras folias, mas ressalta que a fé que encontrou em Corumbajuba é única. Sua relação com a folia começou por um convite e desde então, Eva se tornou uma presença constante nas caminhadas, romarias e encontros da folia, silenciosa, atenta e entregue à oração. Para ela a tradição e a fé tem o poder de transformar vidas.  A cada nova edição da folia, Eva vive uma preparação intensa e cheia de expectativa. “Arrumo minha mala 15 dias antes. Venho pra ficar junto com meus amigos, meus irmãos de fé”.

Maria de Lourdes da Silva

Maria de Lourdes da Silva cresceu em uma família devota dos Santos Reis, onde sua mãe cumpria promessas dedicando-se à Folia com muita fé e carinho. Desde pequena, ele acompanhava essa devoção, e com apenas 12 anos conseguiu participar oficialmente da Folia, com o apoio e garantia de proteção do João do Lima, que cuidou dela como cuida dos próprios filhos. Com o tempo, foi assumindo diferentes papéis na folia, como carregar a bandeira, a estrela e usar o chapéu. Hoje, Maria de Lourdes mantém viva essa tradição com a família: sua filha, dois netos e uma sobrinha que já se juntou à folia e promete voltar, “venho arrastando a família inteirinha”, reforça Maria de Lourdes sobre a tradição.

Clauber de Oliveira

Para Clauber de Oliveira, a emoção da folia transforma tudo por onde passa. Ele viveu por anos ao lado do antigo palhaço da Folia de Reis, João Duarte, que sempre o incentivava a assumir o posto: “Você tem que me ajudar, uma hora meu tempo vence”. Mas Clauber hesitava, com receio de não estar à altura da missão. Após a morte do companheiro, foi chamado por Pedro Vicente o 1º capitão da Folia de Reis de Corumbajuba durante uma saída da folia e ouviu o chamado que já carregava no coração. Mesmo com medo, lembrou das palavras do amigo e decidiu aceitar o desafio. “É bom demais da conta”, diz hoje, emocionado.

Paulo Henrique Ribeiro dos Santos

Paulo Henrique, têm 35 anos, é um folião de alma enraizada em Corumbajuba, terra onde nasceu e cresceu. Desde 2007, participa ativamente da Folia de Reis, tradição que corre em sua família desde os tempos do avô. Apesar de acompanhar folias de outras regiões, inclusive tocando sanfona e cantando em Goiânia, Paulo sente algo único e profundo na Folia de Reis de Corumbajuba. Para ele, a emoção é diferente, quase palpável, como se Deus estivesse presente a cada passo da caminhada. Essa conexão espiritual e o amor pela cultura fazem da folia uma parte essencial do seu coração e da sua vida.

Cirineu Luiz Machado

Cirineu Luiz Machado, devoto fervoroso dos Três Reis Magos do Oriente, esse folião carrega em sua trajetória uma história de fé transmitida por gerações. Filho de pais devotos, criou em sua casa uma capelinha dedicada aos Santos Reis, onde celebrou com alegria a tradicional festa que encerra a Folia de Reis de Corumbajuba e o pouso para os Foliões descansarem. Ao lado da esposa, companheira de muitos anos de folia, viveu momentos marcantes. Hoje mantém viva a tradição com o apoio das filhas gêmeas e das netinhas, que também amam a Folia de Reis. O folião considera os companheiros foliões como uma segunda família. Acolhedor, sempre deixa um convite especial: “O dia que puder, vá lá na igrejinha que eu fiz para os Três Reis. Recebo vocês com todo carinho.”

Divina Moisés Borges da Silva

Natural de Orizona e hoje moradora de Pires do Rio, Divina Moisés Borges da Silva descobriu a Folia de Reis quase por acaso. “Eu achava que era uma coisa simples, uma bobageira. Mas um dia fui tocada, senti vontade de participar. Fui experimentar e gostei. Foi maravilhoso.” A experiência transformou-se em compromisso de fé. Divina foi a primeira mulher a carregar a estrela da Folia de Corumbajuba, símbolo central das jornadas, criada por Nélio, e que ela conduziu por quase dez anos. “Senti que tinha sido escolhida por Deus para essa missão. Não é brincadeira, é uma responsabilidade muito grande.” Quando não pôde mais seguir à frente, passou a estrela para Mariana, outra mulher, em um gesto carregado de emoção. Aos 60 anos de casada, mãe de quatro filhos, avó de nove netos e bisavó, Divina mantém viva sua devoção a Santo Reis.

Geraldo Jerônimo da Silva

Aos 81 anos, Seu Geraldo é um dos foliões mais antigos de Corumbajuba. Iniciou sua caminhada ainda aos 12 anos, seguindo os passos do pai e, depois, dos amigos. Foi acolhido como parte da nova geração da Folia de Reis na adolescência e, desde então, nunca deixou de participar. Durante 20 anos tocou pandeiro e, mais tarde, passou para a caixa, instrumento que segue tocando com devoção. Para ele, a folia é também fonte de bênçãos: “Já recebi muitas graças de Santos Reis. Enquanto eu aguentar, vou tocar caixa”, afirma.

Adonias Inácio da Silva

“Salve Deus para todo mundo.” É assim que Adonias Inácio costuma se apresentar. Nascido no município de Orizona, ele conheceu a Folia ainda menino, acompanhando o pai nas jornadas de fé e música. O gosto pelo canto, pela alegria e pelas brincadeiras fez com que Adonias se tornasse parte viva da tradição. Desde pequeno, arriscava responder às cantorias escondido atrás das árvores, até que um capitão o chamou para perto. De lá para cá, nunca mais deixou de estar no meio da folia. Há alguns anos, passou a caminhar também com a Folia de Reis de Corumbajuba, onde encontrou acolhida e reconhecimento. “Eu vi o seu Pedro e o seu Vicente cantando, e ficava de longe respondendo. Até que me chamaram. Hoje estou no meio até hoje.”

Wilson João da Silva

Wilson da Silva carrega no pandeiro e na memória a força da tradição da Folia de Reis. Aos 46 anos, ele já soma mais de quatro décadas de devoção: começou aos seis anos de idade, acompanhando o pai. Desde então, nunca largou o ofício de folião. Hoje, além de tocar, também ensina os mais jovens: “A maioria dos meninos novos aprendeu comigo. O que eu sei eu passo, porque amanhã eles podem ocupar nosso lugar. A tradição tem que continuar.” Mas a trajetória de Wilson é marcada, sobretudo, pela fé. Durante seu tempo de trabalho em Vianópolis, sofreu um grave acidente: teve AVC, problemas na coluna e no coração, e chegou a viver quase um ano em uma cadeira de rodas. Foi nesse momento que fez um voto a São José e aos Três Reis Santos. “Eu pedi que me curassem e me colocassem em pé novamente. No outro dia, consegui levantar sozinho. Dei meus primeiros passos e nunca mais abandonei a companhia deles.”, afirma.

Raoni Nunes Otoni

Raoni caminha com a Folia de Reis de Corumbajuba desde 2008. Sua primeira participação aconteceu quase por acaso, durante uma janta na casa de seu pai, quando decidiu acompanhar os foliões. A experiência foi tão marcante que nunca mais parou. “Eu acho que agora só paro o dia que morrer. Enquanto tiver vida, vou estar na Folia”, diz. Sem tocar instrumentos, encontrou sua missão ao vestir-se de palhaço, a convite de João Eduardo, com quem dividiu os dias de festa. A função exige energia e atenção constantes: os palhaços são responsáveis por abrir caminho para a companhia, assegurando que o trajeto esteja livre, como guardiões que afastam simbolicamente os soldados de Herodes. Além disso, são eles que animam os encontros, revezando as brincadeiras, recebendo presentes e conduzindo a alegria da festa. “Vestir de palhaço é muito cansativo, você tem que estar o tempo todo ligado, andando de um lado para o outro. Mas é bom demais.”

Zacarias da Silva

Zacarias da Silva carrega consigo décadas de devoção à Folia de Reis. Já tocou acordeão, pandeiro e caixa, e foi a partir do convite de seu amigo de longa data, o primeiro capitão da folia, seu Pedro, que começou a acompanhar as jornadas. “Ele falou: ‘Você vai com a gente’. E desde então não parei mais. Enquanto Deus der saúde, quero continuar andando”, conta. A relação com a Folia é também marcada por um voto de fé. Depois de adoecer e passar dois meses internado, Zacarias fez uma promessa: se tivesse melhora, voltaria a andar na Folia sempre que pudesse. “Graças a Deus, sarei, e hoje não sinto mais nada. Desde então, firme e forte, sigo acompanhando.”

Mariana Pinheiro

Mariana mora a 6 km do distrito de Corumbajuba e cresceu acompanhando a Folia de Reis bem de perto. Estudou na escola da comunidade e, desde a infância, participa dos almoços e pousos realizados na casa de seus pais. Para ela, a Folia é sinônimo de alegria e fé, uma tradição que marca a vida da comunidade e fortalece os laços familiares. Em 2018, recebeu um dos símbolos mais importantes da festa: a Estrela, que antes era conduzida por dona Divina, uma das mais antigas foliãs. “Deus mostrou a Estrela para os Santos Reis até encontrar o Menino Jesus, e para mim é a luz no caminho entre os foliões”, conta Mariana, explicando o sentido profundo desse gesto de fé. Apesar da pouca idade, apenas 22 anos, ela reconhece a grande responsabilidade que lhe foi confiada. Carregar a Estrela é honrar a tradição, guiar os foliões e manter acesa a chama de devoção que atravessa gerações.

Euripedes Alves de Oliveira

Com 59 anos, Euripedes Alves de Oliveira é professor, atua como agente cultural no município de Orizona, proponente e coordenador do projeto Folias de Reis de Corumbajuba com a Skambau Produções há quase três anos. Desde que se juntou ao grupo mergulhou de forma intensa e comprometida na tradição da Folia, reconhecendo sua riqueza única e diferenciada na região. Para ele, participar e coordenar esse movimento é um verdadeiro privilégio, uma experiência imersiva que fortalece a identidade cultural local. “Dentro do projeto temos dois pontos muito importantes: as aulas de violão e de canto. Elas têm contribuído para o desenvolvimento dos participantes e, ao mesmo tempo, despertado nos jovens o interesse em seguir com a tradição. Isso é fundamental, porque os mais velhos que hoje estão à frente, em algum momento, não poderão mais conduzir a Folia. Preparar os mais novos é garantir a continuidade desse patrimônio cultural.”

Maria Glória

Maria da Glória tem 49 anos, é natural de Orizona mas sempre morou em Corumbajuba, onde trabalha como merendeira na Escola do distrito. A sua ligação com a Folia de Reis vem desde o nascimento: “meu pai e minha mãe eram devotos, e cresci acompanhando as caminhadas de fé”, relata. O sogro é o segundo capitão da Folia de Reis, além de ter tios e amigos que também são foliões. “No projeto, sou cozinheira, preparo as refeições para os professores que vêm dar as aulas. Me sinto muito feliz em fazer parte. Acho de grande importância para a comunidade, porque incentiva as crianças. Os mais velhos vão se acabando, mas é a nova geração que vai manter a tradição viva. É muito importante esse trabalho aqui”, declara.

Larissa de Paula

Larissa de Paula, de 22 anos, é neta do segundo capitão e sobrinha do primeiro capitão da Folia de Reis de Corumbajuba. Para ela, participar da festa todos os anos é motivo de orgulho e de fé. Em 2025, além de acompanhar a Folia como sempre fez, Larissa viveu a experiência de atuar na produção e na comunicação do projeto, oportunidade que considera única para estar ainda mais perto dessa tradição. Ela destaca a importância da fé que move os foliões e também das famílias que recebem a Folia em suas casas, pagando promessas e votos. Para Larissa, a Folia é também um espaço de amizade e união. “Cresci junto com colegas que hoje também fazem parte dessa caminhada: a Mariana, que conduz a Estrela, e a Lídia, que toca pandeiro. É muito bonito ver a tradição se renovar de geração em geração”, afirma.

Maria Luiza

Maria Luísa, 19 anos, vive em uma fazenda próxima a Corumbajuba, onde encontra na vida rural a paz e a tranquilidade que tanto valoriza. Mesmo sem ter tido a chance de participar de aulas de canto em sua infância, ela se alegra profundamente ao ver as crianças da comunidade tendo essa oportunidade. “Acho que fico até mais feliz do que elas quando aprendem alguma coisa.”. Maria Luiza acredita no papel da cultura e da educação para transformar vidas. 

Wagner Paulo Gonçalves

Wagner Paulo Gonçalves é nascido e criado na região de Corumbajuba, no município de Orizona (GO). Com trajetória marcada pela educação, estudou em Orizona e Ipameri, mas há mais de 30 anos dedica seu trabalho à escola local, reforçando seu compromisso com a comunidade. Começou a participar da Folia na infância acompanhado dos pais e hoje compartilha com a própria família. Para ele, a Folia é mais que uma festa: é espaço de união, diálogo e pertencimento. “Essa cultura faz parte da comunidade e ela tem que continuar. Ela não pode acabar”, afirma. 

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