Mulheres mantêm a chama da fé acesa na Folia de Reis de Corumbajuba

Anna Letícia Azevedo

Da cozinha à caminhada, elas sustentam a tradição com dedicação, trabalho, coragem e espiritualidade

Na Folia de Reis do distrito de Corumbajuba, em Orizona (GO), as mulheres têm um papel essencial para manter viva a tradição que une fé, comunidade, trabalho e cultura popular. Seja na cozinha, na organização dos pousos ou conduzindo símbolos sagrados como a estrela da folia, elas assumem responsabilidades que atravessam gerações e sustentam a espiritualidade da celebração.

Divina Borges da Silva é um exemplo dessa presença na caminhada. Foi a primeira mulher a carregar a estrela, símbolo que guia os foliões durante o giro. “Fui a primeira mulher a pegar a estrela. Eu andei uns 12 anos, até quando eu aguentei, com a idade eu não consegui mais e passei para a Mariana. Fui uma pessoa escolhida por Deus para carregar a estrela, e a Mariana foi Santos Reis que escolheu”, conta. Além disso, foi alferes da folia por três vezes. “Eu fui a única mulher que fui alferes três vezes, eu tive essa responsabilidade de cuidar de tudo da folia”, afirma.

Atualmente Mariana com 22 anos carrega a estrela da Folia, que reconhece o peso simbólico e espiritual da função. “Eu recebi a estrela da dona Divina e essa é uma responsabilidade muito grande, né? Porque é uma luz que guia os foliões”, explica.

Enquanto algumas mulheres seguem à frente do cortejo, outras garantem que o acolhimento e a partilha nos pousos e almoços sejam mantidos com carinho e organização. Mônica, que trabalhou na cozinha no almoço do dia 11 e no pouso do dia 10, veio de Montes Claros para ajudar. “Sempre a gente ajuda aqui em Corumbajuba. É uma satisfação muito grande a fé da gente em Santos Reis. A gente prepara tudo com muito carinho, sempre à espera da visita dos Santos Reis”, relata. “Às vezes a gente pensa que nem vai dar conta de fazer a comida, mas a fé ajuda e a gente dá conta.” Entre os pratos mais tradicionais estão o macarrão, a sopa de gueroba, a carne de porco e o quibebe de mandioca.

Maria, Mônica e Catia durante a preparação dos alimentos para o terceiro pouso da Folia de Santos Reis de Corumbajuba 2025. Foto: Roger Martins

Dona Terezinha, anfitriã do pouso do dia 9, relembra com emoção como assumiu a continuidade da tradição após a perda do marido em 2018, que era folião e a ensinou os ritos da folia. “Meu marido faleceu em maio e em julho eu ia dar pouso na minha casa. Todo mundo falou ‘e agora, como você vai fazer?’ Eu fui e fiz. Eu amo a Folia de Santos Reis. É um prazer receber os foliões aqui, e eu ainda vou fazer a festa de encerramento, se Deus quiser”, afirma com fé.

Com diferentes histórias e funções, as mulheres da Folia de Corumbajuba demonstram que a tradição se mantém não apenas pela devoção, mas também pelo trabalho silencioso, pela resistência e pela dedicação de quem, ano após ano, mantém viva a caminhada dos Santos Reis.

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